null “Se SC fosse um país, estaria próximo de ser desenvolvido”, destaca Carlos Sardenberg

04/08/2021 13:42

Presidente do Sicoob Central SC/RS, Rui Schneider das Silva, destacou a força do cooperativismo financeiro no estado

A economia catarinense se manteve acima da média brasileira durante a pandemia, justificada por fatores como a diversificação de setores e também do alto dinamismo que movimenta o Estado. Entre as maiores potências do país, Santa Catarina teve crescimento de 2,9% do PIB entre abril de 2020 e março de 2021, segundo dados divulgados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE). Frente à importância do Estado, é fundamental entender quais são as projeções para o pós-pandemia.

Com o propósito de debater sobre o futuro da economia catarinense e também do cenário nacional e internacional, o projeto A Força de SC, da NSC TV, reuniu na última segunda-feira (2), grandes nomes para realizar essa análise. Os especialistas Arno Pandolfo, presidente da Fecoagro; Neivor Canton, presidente da Aurora; Rui Schneider da Silva, presidente do Sicoob SC/RS; e Vladimir Arthur Fey, diretor financeiro do BRDE, compuseram a mesa-redonda, mediada pelo jornalista Fabian Londero, da NSC TV.

Além da live com o tema “Nossa Economia em Debate – O Futuro dos Segmentos que Movem Santa Catarina”, o jornalista e comentarista econômico Carlos Alberto Sardenberg ministrou a palestra “O mundo pós pandemia: Brasil e Santa Catarina na mesma onda?”, trazendo dados importantes para compreender como se dá o cenário do estado em comparação ao restante do país. (A transmissão do evento está disponível na íntegra no final desta matéria).

A força do trabalho como grande diferencial
Embora Santa Catarina represente apenas 3,4% da população brasileira, o número de empregos criados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) no período de janeiro a maio deste ano foi de 9,5% em relação ao total brasileiro. O dado evidencia como o estado aposta em oportunidades e na força do trabalho para ascender economicamente.

De acordo com Arno Pandolfo, presidente da Fecoagro, empresas e cooperativas se preparam para contribuir com o crescimento do estado, investindo em diferentes setores e, acima de tudo, na força do trabalho do povo daqui.

Microempreendedores cresce em Santa Catarina
“Setores como o da construção civil, do turismo e até metalmecânico cresceram de forma expressiva nos últimos tempos, e o agro mais ainda. Para se ter ideia, somente as cooperativas agropecuárias cresceram mais de 25% no ano passado e neste ano, esse dado se aproxima dos 40%. Isso gera muito emprego para todos os setores da sociedade e acredito que ainda vamos acelerar muito [...] A vocação do nosso povo é muito grande”, disse o presidente da Fecoagro.

Ao comparar o índice de desemprego em Santa Catarina em relação à média nacional, mais uma vez se evidencia o contraste. Enquanto Santa Catarina atinge a marca de 6,3% na taxa de desemprego, a média do Brasil é de 14,7%. O número, apresentado por Carlos Alberto Sardenberg durante a palestra, contribui com a expectativa de recuperação do Estado, que segue aquecido também no setor industrial e do comércio. O jornalista e comentarista econômico afirma ainda que, “se Santa Catarina fosse um país, estaria muito perto dos países desenvolvidos”.

Produção industrial tem aumento significativo em Santa Catarina
Para Vladimir Arthur Fey, diretor financeiro do BRDE, esse cenário é possível porque o povo catarinense é um povo trabalhador, persistente e resiliente. Essas características fomentam o crescimento da economia.

“Nesse contexto, o BRDE estabeleceu um conjunto de ações que não se encerram, são um ciclo contínuo que vai se multiplicando. A nossa missão é disponibilizar mais de R$ 1 bilhão em crédito para Santa Catarina, distribuídos nos mais diversos setores. Sabemos também que o agro é um setor muito importante para o estado, e com isso, queremos permitir que novos investimentos sejam feitos, tendo novas oportunidades de emprego”, comentou o diretor financeiro do BRDE.

Investimentos importantes
Com participação especial na transmissão, a jornalista e comentarista de economia do Diário Catarinense e do portal NSC Total, Estela Benetti, informou que os indicadores seguem positivos, devido aos investimentos importantes que estão acontecendo em Santa Catarina.

“O agro, que tem grande força no Estado, informou que irá aplicar em um período de três anos - a partir de agora - cerca de R$ 8 bilhões. Isso envolve o setor de proteínas, de papel, além do setor de madeiras e móveis, aproveitando o boom mundial de exportações e também do crescimento no mercado interno”, informou Estela.

Além disso, a jornalista destacou o crescimento do setor têxtil, que está favorecido em função da alta do dólar e da ascensão da área de tecnologia, indústria e comércio.

Os reflexos do agronegócio 
Dados apresentados pelo Boletim Focus, do Banco Central, demonstram que o Comércio Externo teve um aumento expressivo de 2020 para 2021, passando de US$ 43 bilhões para US$ 70,3 bilhões em exportações.

“Esse é o milagre das commodities e, principalmente, o milagre da produção agropecuária brasileira. Especialmente no caso de Santa Catarina”, afirmou Sardenberg.

Agronegócio é responsável por 70% das exportações
Esses indicativos se mostram ainda mais expressivos em função do cenário enfrentado no último ano e que gerou grande impacto nas indústrias.

“Dados mostram que 70% das empresas que paralisaram suas atividades no ano passado tiveram impactos negativos com a pandemia, e eu diria que é possível ampliar ainda mais. No nosso caso, investimos na segurança do nosso trabalhador e dos nossos cooperados, com uma verba superior a R$ 10 milhões por mês, e essa realidade continua. Isso para que façamos essa travessia e que possamos, em breve, nos encontrar em situação melhor”, explicou Neivor Canton, presidente da Aurora.

Projeções pós-pandemia
A projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), apresentada em julho, estima que a perspectiva de crescimento mundial alcance 6% neste ano e se mantenha positiva também em 2022, com média de 4,9%.

“A recuperação deste ano compensa o que se perdeu em 2020 e ainda tem um ganho. Dessa forma, podemos dizer que saímos da pandemia com um nível acima do que se perdeu – na perspectiva mundial –, mantendo também um ritmo muito forte para 2022”, explicou Sardenberg.

Construção civil de SC é destaque
No grupo de países emergentes e subdesenvolvidos, a média de crescimento é um pouco menor e o Brasil se enquadra nesse perfil. Tendo como característica países de renda média, o crescimento projetado é inferior se comparado à média mundial.

“Os países da América Latina apresentam uma queda maior e uma recuperação mais lenta nesse processo”, complementou o jornalista.

Vacinação em massa como solução
Segundo a jornalista Estela Benetti, uma das expectativas para o aquecimento da economia está na retomada plena da atividade turística a partir do final do ano, com o avanço da vacinação.
“Pesquisas apontam que mais de 90% dos brasileiros pretendem se vacinar, então podemos ver um cenário otimista pela frente”, assinalou.
Reforçando a mesma linha de pensamento, Sardenberg afirma que no mundo inteiro, o setor que mais sofreu foi o de turismo e de viagem. Por isso, “na vacinação está a chave de tudo”.

Tecnologia catarinense retoma crescimento
“A recuperação está estritamente ligada à vacinação e às capacidades prévias dos países e estados. Nesse aspecto, Santa Catarina foi muito bem, por ter uma estrutura industrial muito forte e, sobretudo, um agronegócio de qualidade exemplar no mundo inteiro. O mundo demandou alimentos, produtos, carnes e Santa Catarina estava aí para entregar”, comentou o jornalista.

Carlos Alberto Sardenberg destaca, ainda, que o setor privado deve pressionar politicamente o avanço da vacinação, para assim progredir em um ritmo mais acelerado. Além disso, a pressão também deve se dar em busca de melhor infraestrutura para portos e estradas que, segundo o jornalista, precisam de um movimento grande de privatização, uma vez que o setor público não possui verba para investimentos.

O agro pode ser sustentável
Sardenberg enfatizou durante a palestra a necessidade de estabelecer relações diplomáticas com o mercado externo, a fim de mostrar que o agro brasileiro pode, sim, ser sustentável.

“O Brasil é muito grande e isso leva à necessidade de uma atividade política dos empresários. Isso porque, por exemplo, as queimadas na Amazônia para o plantio de soja acabam tendo reflexos negativos no mercado externo. Essa ação acaba atrelando nossos produtos como não-sustentáveis, quando, na verdade, a soja de Santa Catarina é boa.

É preciso uma ação política internacional, mostrando que o país tem diferença de estado para estado e a economia verde tem que estar na cabeça de todo mundo”, disse o jornalista.

Palestrante destacou Sul e Sudeste
“Eu conheço Santa Catarina, conheço a energia e a tecnologia. Há coisas impressionantes no estado e deve-se usar essa força para mostrar ao Brasil e ao mundo que não são todos que estão queimando a Amazônia e a sustentabilidade pode ser garantida por diversos setores da economia. Por isso, Santa Catarina tem que dizer que aqui é diferente”, reforçou Sardenberg.

A Força de SC
Reconhecer a potência da economia catarinense contribui para uma visão mais otimista e, por consequência, motiva novos investimentos e a busca por soluções para avançar com segurança e sustentabilidade.

“Santa Catarina é um Estado com uma economia diversificada, no campo e na cidade, com mão de obra conceituada e que faz uso de tecnologia de última geração para manter-se competitivo no mercado interno e externo. É também um estado em que a força do cooperativismo tem enorme importância para a produção de emprego, renda e qualidade de vida. O projeto “A Força de SC”, do grupo NSC, deu visibilidade ao modelo catarinense de produzir e fazer negócios. E, com isso, continua a estimular a busca permanente de soluções para o dia a dia e para o futuro da nossa economia”, afirma o presidente do Sicoob Central SC/RS, Rui Schneider da Silva.

A coordenadora de comunicação social da Aurora, Jaqueline Schmitt, complementou destacando que “A Força de SC é um projeto incrível, que valoriza o potencial econômico e de crescimento do nosso estado e a Aurora tem orgulho em fazer parte”.

Fonte: G-1 (com alterações do Sicoob Central SC/RS).