null Letramento em Longevidade é uma demanda urgente do marketing no Brasil

17/03/2023 10:46

Bete e Camilla: o marketing especializado tem um papel fundamental para quebrar tabus e combater preconceitos etários

Por Bete Marin e Camilla Alves *

Nas campanhas de marketing, há um processo em curso que está transformando o cenário de invisibilidade dos brasileiros com mais de 60 anos. Essa constatação, entretanto, não significa que o problema esteja resolvido. Longe disso, a inserção de cidadãos maduros nas campanhas no Brasil, embora seja uma realidade inegável, é feita de maneira estereotipada. Ou seja, ou temos o ageless (sem idade) ou o velhinho com tudo em cima – aquele com forma física perfeita, atraente e em paz com a própria idade. Se antes ignorávamos a existência de um contingente crescente de cidadãos prateados, atualmente usamos uma lente cor de rosa para mostrar uma parte idealizada dessa população. Diante da constatação de uma nova realidade etária no mundo, a defesa de um Letramento em Longevidade nos parece extremamente urgente.

É muito importante lembrarmos que, para o cidadão do século XXI, envelhecer é um processo completamente diferente do que foi décadas atrás. Essa mudança está inteiramente associada às conquistas feitas na área da saúde e à presença da tecnologia na vida dos novos seniores. Se por um lado a sociedade se alterou com um novo protagonismo dos prateados, por outro, ainda resiste a enxergar essa nova realidade. Com isso, acreditamos que o Marketing pode ser um instrumento importante de questionamento do ageísmo, ou seja, os profissionais de marketing do Brasil podem conduzir uma revolução prateada na percepção que temos do envelhecer ao enfrentarem o preconceito com o talento que essa indústria tem mostrado para o mundo. E isso é urgente!

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas apontam que, hoje, os maduros já representam quase 20% do consumo, movimentando cerca de R$ 1,6 trilhão. O Brasil é um dos países com um envelhecimento populacional mais acelerado do mundo. Em 32 anos, o país será o sexto com maior parcela da população 60+, estando à frente de todas as nações em desenvolvimento. Um avanço exponencial que tem surpreendido estatísticas como a do IBGE, que apontava que o Brasil alcançaria 30 milhões de idosos apenas em 2025 – marca atingida em 2018. 

 Ciente do enorme potencial de mercado e da urgência de trabalharmos o Letramento em Longevidade, fundamos, em 2020, a MV Marketing – uma martech com o propósito de dar visibilidade e protagonismo aos consumidores maduros que costumam ser excluídos das estratégias de marketing das empresas. O termo é uma junção das palavras marketing e tecnologia; ele se refere a empresas focadas em criar campanhas mais inteligentes, automatizar processos e atingir resultados para a exposição de marcas e produtos. O modelo atua para otimizar projetos e ações de marketing digital, garantindo um maior retorno sobre o investimento, para aumentar as vendas e melhorar o relacionamento com clientes. E, no caso da MV Marketing, com um olhar específico para a Economia da Longevidade e disseminação da urgência de atuarmos para a representatividade desses brasileiros na propaganda.

A inclusão e a diversidade são essenciais para uma sociedade justa e equilibrada; nesse contexto, o marketing especializado tem um papel fundamental para quebrar tabus e combater preconceitos etários. O impacto social de uma comunicação que enxerga e celebra a maturidade é muito relevante, sobretudo porque representatividade importa! E, de novo, o Marketing no Brasil tem um enorme potencial de mostrar ao mundo como podemos contribuir para uma Revolução Prateada consistente, que reconhece e celebra o bônus etário que a humanidade conquistou. Para tal, é necessário que os profissionais dessa indústria enxerguem as demandas específicas de cada faixa etária dentro da maturidade.  

*Camilla Alves é cofundadora da MV Marketing e atua desde 2018 na Economia Prateada.

*Bete Marin é empreendedora na Economia Prateada e cofundadora das empresas MV Marketing, Hype50+ e do U+Festival.

Fonte: MundoCoop.