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Planejamento Financeiro

Coopere com o seu dinheiro

 

O dinheiro só é importante se servir como um meio de você alcançar seus sonhos. São eles que devem ditar sua vida financeira. Consumir de forma consciente, inteligente e com responsabilidade, sabendo que os recursos são limitados e que precisam ser bem administrados, é a melhor forma de alcançar metas, realizar sonhos e viver com mais tranquilidade, além de contribuir com a redução das desigualdades individuais e coletivas.

Ok, muito bom, mas se os sonhos são importantes e movem sua vida financeira, e o dinheiro é a ferramenta com a qual se pode concretizá-los, por que falamos tão pouco sobre ele? Vamos falar um pouco sobre dinheiro! Nem todo mundo gosta desse assunto, mas afinal, quem consegue viver sem dinheiro, não é verdade?

O dinheiro costuma ter diferentes significados para cada pessoa. Você já parou para pensar o que ele significa para você? Qual sentido você dá ao dinheiro? Gosta do seu estilo de administrá-lo, ou preferiria mudar alguma coisa?

Veja, agora, algumas maneiras como ele pode ser usado, e tente se identificar, quando for o caso. Quanto mais nos conhecemos, mais chances temos de fazer melhores escolhas.
 
Para refletir

Você se planeja para gastar a guardar dinheiro?

Costuma pedir ajuda a pessoas ou instituições para fechar o mês?

O dinheiro o controla, ou é você que o faz?

E os sonhos? Qual o tamanho? São realizáveis? Tem ideia de como fazer isso?

Sente que vive no sufoco o tempo todo, correndo atrás das contas?

Age mais por impulso e deixa para pensar depois?

Se quiser, faça algumas anotações, com a data, sobre tudo isso que você está pensando acerca da sua relação com dinheiro. É interessante ver como algumas ideias e sentimentos mudam com o tempo, enquanto outros, nem tanto.

As indagações propostas e as informações trazidas neste material pretendem, de forma prática, promover a reflexão sobre os hábitos do dia a dia que comprometem a renda, ao propor que você COOPERE com o seu dinheiro, organizando suas finanças e planejando o seu futuro. Esta proposta envolve redescobrir sonhos, definir passos para alcançá-los e sugerir parcerias estratégicas.

 

Vale a pena rever onde você vem gastando seu dinheiro – anotar seus gastos por uma semana já pode dar uma ideia inicial e, a partir daí, avaliar se suas escolhas têm sido as melhores para você mesmo.

Tenha em mente que o dinheiro é fruto direto do seu trabalho (ou dos seus responsáveis diretos). Nossa própria sustentação dentro da sociedade é vinculada a seu uso. Ele é, ao mesmo tempo, ferramenta para nossa subsistência (garantir o mínimo para sobrevivermos) e ferramenta para alcançarmos nossos sonhos. Com isso, todo o esforço e suor que damos para ganhar nosso dinheiro, ao fim do mês, perde o sentido caso não o gastemos da maneira que REALMENTE queremos e precisamos.

PARE E PENSE: você tem ideia de para onde vai o dinheiro referente a um dia do seu trabalho? Ele está indo para pagar por suas necessidades básicas (alimentação familiar, saúde, moradia, etc.)? Ele está sendo direcionado aos seus sonhos? Compare os gastos semanais que você anotou com o dinheiro que recebe por uma semana de trabalho.

E agora? O gasto está distribuído realmente da maneira que você quer? Não se assuste se estiver gastando mais com o refrigerante ou cafezinho diário e não com o que deveria. Afinal, o que é pior do que trabalhar para alcançar seus objetivos e descobrir que O SEU MAIOR VILÃO É A SUA FORMA DE CONSUMIR?

Não é um costume geral parar para pensar sobre nosso consumo, ou para avaliá-lo. Por isso, adentremos agora no que significa consumo em si, visando organizar melhor suas ideias sobre o ato de consumir e auxiliar a construção de uma boa prática de consumo.

CONSUMO: É a ação de usar bens e serviços. Isto inclui a compra de produtos, mas não se limita a ela, pois envolve o processo de uso do bem do início ao fim: comprar, usar e descartar.

Divida o seu salário líquido (o que você ganha diminuindo os descontos em folha), por 21 dias úteis:

Salário Bruto

R$1.200,00

-

Descontos

R$200,00

=

Salário Líquido

R$1.000,00

Valor do Trabalho

R$1.000 ÷ 21 = R$47,62 por dia

Você pode calcular também o valor do seu trabalho por hora. Repita o mesmo procedimento, mas agora divida por 168 (horas médias trabalhadas por mês). Você chegará ao resultado de $5,95 por hora.

Consumo Consciente

Decisão de consumo praticada por um indivíduo que leva em conta as consequências socioeconômicas e ambientais de seus atos. A busca por produtos e serviços disponíveis nos mercados usuais deve ser repensada, dando preferência a bens produzidos de maneira ambientalmente sustentável. Além disso, evitar a produção excessiva de lixo, ficar atento ao desperdício e prezar pela sustentabilidade socioeconômica de longo prazo são deveres de todos nós, cidadãos.

Consumo Responsável

Decisão de consumo praticada por um indivíduo que para e pondera sobre o que vai consumir, quando o fará, a que preço, e quais os impactos disso sobre a natureza, a sociedade e a sua qualidade de vida. Para trocar de celular, por exemplo, é preciso refletir sobre a real necessidade da troca; se o momento é favorável; se o preço é justo; se há mais lugares para pesquisar; se existe outra prioridade no momento; o que fazer com o aparelho antigo; etc. Ao responder a essas questões e a outras, nós cuidamos não só do nosso bem-estar, mas do de toda a sociedade.

Consumo inteligente

Decisão de consumo praticada por um indivíduo que leva em conta suas necessidades reais e compatibiliza seus desejos e sua condição financeira, objetivando conseguir a maior satisfação possível ao menor custo. A compra de roupas e outros produtos similares é uma necessidade. Porém, consumir esses produtos “de marca” é uma decisão que tem que ser tomada prezando por nossas prioridades, nosso bem-estar emocional e nossa estabilidade financeira – adiamos o consumo em prol do equilíbrio financeiro.

Adicione às reflexões já feitas este novo leque de informações a respeito do consumo e pense de novo: Como gasto o meu dinheiro? Sou consciente? Sou responsável? Sou inteligente? Você é realmente o dono dos seus próprios desejos e objetivos? Através de informação, reflexão e prática, somos capazes de trazer à tona o que há de melhor em nós. Seja um bom consumidor. Melhore sua prática de consumo.

Ao refletirmos sobre nosso hábito de consumo e ao colocarmos em prática a conscientização, a responsabilidade e a inteligência, diversas portas se abrem – discutiremos sobre isso mais a frente, quando tratarmos do orçamento pessoal. Por agora, ressaltaremos um posicionamento importante, que está diretamente ligado aos resultados de nosso padrão de consumo bem estruturado: o ato de poupar dinheiro.

POR QUE SERÁ QUE AS PESSOAS POUPAM DINHEIRO?

Vamos supor que alguém acabou de se dar de presente um celular novinho, de última geração. A pessoa fez uma excelente pesquisa de mercado até descobrir o melhor preço para o modelo que gostaria. Além disso, também se certificou de que a loja parcelava em 10 vezes sem juros no cartão de crédito.

No primeiro mês, tudo correu bem. No segundo, melhor ainda. Um dia, chegando o terceiro mês desde a compra, ela estava no ônibus distraída escutando música com seu fone de ouvido e com o aparelho apoiado em cima da mochila. De repente, sem sentir, ela pegou no sono! Depois de 20 minutos de viagem, ao acordar do cochilo, seu celular não estava mais lá. Sim, alguém furtou o celular novo. E agora? O que ela faz? E você, o que faria? Esperaria o término dos 10 meses para comprar outro?

É fato que atualmente não existe essa de ficar sem celular por muito tempo. Não importa se as pessoas estão se endividando ou não. A realidade é que, no caso descrito, o mais provável é que a pessoa continue pagando as prestações do aparelho roubado, adquirindo um novo celular antes de quitar a dívida já pendente. Por isso, ela passará pelo menos mais seis meses pagando por dois produtos praticamente idênticos, mesmo que isso vá contra sua atual realidade financeira.

Estamos sujeitos a acontecimentos semelhantes a esse a todo o momento. As situações podem ser graves, como perder o emprego de um dia para outro sem aviso prévio; ou banais, como sair de casa sem guarda-chuva, sob um sol escaldante, e voltar encharcado ao fim do dia.

Esse emaranhado de possibilidades resume o primeiro dos dois principais motivos pelos quais as pessoas poupam dinheiro: a INCERTEZA.

A vida é absolutamente incerta. A única certeza que podemos ter é a de que, em um momento desconhecido, de maneira inesperada, de forma surpreendente, contra todas as possibilidades, na pior hora possível, algum imprevisto nos vai pegar desprevenidos e nos dar uma rasteira. A incerteza ao nosso redor é tão devastadora que ela chega a ser imensurável. Não sabemos todos os cenários possíveis que podem acontecer em nossas vidas, e por isso não podemos medir quais as chances de qualquer um deles ocorrer, a qualquer tempo.

Se você já é gabaritado na escola da vida, sabe bem do que estamos falando. Caso ainda seja um jovem em formação, fique certo de uma coisa: a vida obriga a pessoa muito mais a se adaptar aos imprevistos que aparecem de tempos em tempos do que a seguir um plano continuado por muito tempo.

Dito isso, você poderia argumentar: ok, as pessoas poupam porque a vida é incerta e todos precisam de dinheiro reservado em casos de imprevistos ou emergências; porém, se tudo se resume a lidar com essas situações, de que adianta nos planejarmos para o futuro?

É aí que entra o segundo motivo pelo qual as pessoas poupam: para aproveitar OPORTUNIDADES.

Nem sempre esses imprevistos são negativos. Outro fator que decorre da incerteza é o fato de que também estamos sujeitos a encontrar boas oportunidades de realizar nossos objetivos, desejos e sonhos quando menos esperamos.

Por exemplo, você gosta e quer viajar eventualmente? Com dinheiro extra reservado, é muito mais fácil aproveitar promoções relâmpago, descontos especiais e até mesmo estender uma estadia já reservada. Você gosta de barganhar? Pechinchar? É muito mais fácil negociar e argumentar por um desconto em produtos e serviços quando se tem dinheiro na mão. A legislação até induz a essa condição, isto é, o comerciante dar desconto para quem paga à vista. Você já pensou em abrir um negócio? Não importa apenas sua ideia ser brilhante; é necessário um dinheiro para começar sua iniciativa e mantê-la de pé até o lucro começar a entrar.

Por que poupar?
  • Proteção contra incerteza
  • Aproveitar oportunidades

Mas não para por aí. A melhor oportunidade que o dinheiro poupado pode nos render é trabalhar a nosso favor. Abrimos mão de usá-lo no presente para usá-lo no futuro. O prêmio recebido por isso chega a nós via os investimentos que o dinheiro guardado nos permite realizar – é a chamada TROCA INTERTEMPORAL.

Troca Intertemporal

Os temas dívida e investimento, que veremos em breve, nos ajudam a entender esse importante conceito da Educação Financeira: Quando poupamos dinheiro e resolvemos investi-lo, estamos implicitamente abrindo mão de usar esse dinheiro hoje, no presente, em troca de usá-lo no futuro, com o intuito de receber um prêmio por nossa escolha. Do nosso ponto de vista, receberemos mais no futuro por abrir mão do hoje, pensando no amanhã. Do ponto de vista de quem tomou seu dinheiro emprestado, eles vão lhe pagar mais, no futuro, pela disponibilidade de utilizar os recursos que precisam hoje, no presente. É a decisão de ADIAR o consumo.

No caso das dívidas, a situação é análoga, mas agora somos nós os que precisam antecipar o uso de recursos. Quando compramos uma roupa no cartão de crédito, estamos escolhendo consumir hoje e pagar no futuro, no caso, daqui a um mês.

Nessa situação, se você pagar sua fatura em dia – e essa é a opção ideal –, não terá custo adicional algum em ter realizado essa troca intertemporal. Contudo, caso você fique endividado no cartão de crédito, o valor cobrado a mais é o preço por sua decisão de ANTECIPAR o consumo.

Todavia, só consegue investir quem consegue poupar. E para conseguir poupar, já vimos que o primeiro passo é estruturar um bom padrão de consumo. Então, vejamos agora como descobrir, planejar e avaliar nosso padrão de consumo e, assim, começarmos a poupar. Instituto Sicoob.