null Metade do tratamento é a tua fé e a crença que vai se curar 

29/10/2021 13:48

Foto: Allana Pimentel Fotografia/Arquivo pessoal

 

Abrir a janela e sentir o vento no rosto, curtir o calor da luz do sol aquecendo a pele, ganhar um café quentinho, um chimarrão recém feito com todo carinho ou ainda o beijo das filhas e do marido. São esses pequenos gestos e percepções que fazem o dia a dia de Sandra Zucco, de 45 anos, mais feliz e completo. E foi essa rotina o que a gerente de atendimento do Sicoob MaxiCrédito mais sentiu falta durante o tratamento de um câncer de colo de útero, descoberto em meados de 2013, durante a gestação da segunda filha, Valentina. 

Essas pequenas bênçãos da vida, que podem parecer pequenas, são o motivo de agradecimento diário de Sandra. “Só quem passa por uma situação assim vai saber descrever. Coisas simples que fazemos hoje, como poder caminhar, tomar banho sozinha, até mesmo comer era muito complicado por causa das reações das quimios”, conta. 

Colaboradora da MaxiCrédito há 13 anos, sendo 12 deles atuando na cidade de Coronel Freitas (SC), ela lembra que durante o período de tratamento olhava para a camisa do Sicoob e se perguntava se a vestiria novamente.  

“Eu tenho que agradecer muito aos gerentes que estavam comigo na época, que me deram força para eu ir voltando conforme eu conseguia. Foi muito importante para mim”. Há um ano, Sandra atua como gerente de atendimento da agência do bairro Jardim Itália, em Chapecó (SC). “É um novo e gratificante desafio, ajuda a mudar e ver as coisas com outras perspectivas”, comentou.  

 

Nascimento da filha e a distância para o tratamento 

Os primeiros sinais de que havia algo errado surgiram entre o quarto e quinto mês da gravidez, quando Sandra começou a ter sangramentos. Devido à gestação, alguns exames só puderam ser feitos após o nascimento da filha, que aconteceu um pouco antes da hora, quando a bebê estava com 37 semanas.  

E foi depois desse período que ela pôde fazer exames mais detalhados, que confirmaram o câncer de colo de útero em um estágio um pouco mais avançado, fato que exigiu a intervenção com tratamento de quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. Este último precisou ser realizado em Florianópolis (SC) e fez com que Sandra precisasse ficar longe do marido e das filhas por 30 dias, enquanto ela permanecia na capital catarinense, hospedada na casa de uma irmã. 

Além da preocupação com a própria saúde e da saudade de casa, ela conta que havia o medo de não ser reconhecida pela filha bebê, na época com quatro meses. “Quando cheguei em casa, corri para abraçar ela. Foi bem complicado. Lembro que no Natal demos uma pausa no tratamento e depois eu voltei para completar as sessões de quimioterapia”.  

 

“Tem momentos que é você e Deus” 

O apoio da família, dos amigos, as orações e pensamentos positivos dos associados, são recordações frescas na mente de Sandra, que ainda mantém em casa um altar onde guarda os terços, imagens de santos e orações que foram entregues para ela ao longo do tratamento, lembrança dos dias difíceis que ficaram para trás. 

E a fé foi uma companheira constante ao longo dos meses. “Tem coisas que você consegue compartilhar, mas tem outras que, se está sozinho, ninguém pode fazer por ti. São momentos que é você e Deus e eu busquei muito suporte Nele”, recorda. 

 

Família mais unida 

 

Sandra comenta que a filha mais velha, Nathaly, precisou amadurecer muito cedo em função da doença da mãe, ajudando a cuidar da irmã e fazendo as tarefas da escola sozinha, já que Sandra, muitas vezes, ficava debilitada por conta da agressividade do tratamento e medicamentos que tomava. Mas todo processo fez com que todos ficassem ainda mais próximos e unidos. 

“A doença acaba te fortalecendo de alguma forma. Hoje eu tiro a lição de agradecer a cada dia por estar acordada e bem. A saúde é tudo. Se você não está bem, não consegue fazer nada”, completa. 

 

Mensagem para as mulheres 

Olhando a batalha que foi vencida anos atrás, Sandra tira uma lição e envia uma mensagem para todas as mulheres. “A prevenção é sempre o melhor remédio. Se você descobre a doença cedo, o tratamento pode ser muito mais tranquilo. Faça anualmente os exames e, aparecendo algo diferente, procure ajuda médica. O principal é a prevenção, nunca deixem de fazer os preventivos”, reforça. 

E para as mulheres que estão passando por este momento turbulento, a mensagem é de apoio. “Tenha fé, tenha força. Vai passar, não desanime. Metade do tratamento é a tua fé e a crença que vai se curar. Tem que entrar pensando que vai dar certo, lutar para isso e não desanimar”. 

 

Gesto de carinho com as mulheres que estão em tratamento 

E para fechar este Outubro Rosa, mês que marca as ações de conscientização pela importância do cuidado com a saúde das mulheres, a equipe da agência do Sicoob do bairro Jardim Itália se reuniu para arrecadar lenços coloridos para as mulheres que passam por tratamento e são atendidas na Rede Feminina de Chapecó. A entrega foi na quarta-feira (27). 

“A questão da autoestima é uma coisa que mexe muito com as mulheres, aquela necessidade de nos sentirmos bonitas. E a doença nos deixa muito fragilizadas. Usar um lenço bonito, um brinco, batom ajuda a nos sentirmos melhor. Parece besteira, mas faz muita diferença”, comenta a gerente. E por isso a ação de doação de lenços é tão simbólica.