null Educação financeira: quanto mais cedo, melhor

12/11/2019 15:00

Leticia Baeta (A Especialista)

PALAVRA DE ESPECIALISTA

Não existe a idade certa para começar a educar as crianças para as finanças, porém iniciar este assunto cedo pode evitar muitos tropeços na vida adulta.

 E como falar sobre um assunto tão denso com os pequenos? O ideal é que seja de forma lúdica, participativa e realista. Vamos falar sobre isso?

A primeira coisa a ter em mente é que devemos praticar com eles alguns conceitos, como o da frustração. Não podemos proteger nossos filhos de tudo, ao contrário, frustrar-se é importante para o crescimento deles. E os pais êm papel essencial neste ponto: eles não podem ter tudo o que quiserem, têm que priorizar coisas. É fundamental que entendam que, quando se escolhe algo, abre-se mão de outra coisa. Isso pode ser trabalhado através do diálogo. Por exemplo: “Se comprarmos este tênis de R$ 400, ficaremos mais distantes da nossa meta de ir à Disney. Você não prefere comprar este de R$ 200, e guardar R$ 200 para nossa viagem?”. As crianças devem estar envolvidas nas finanças da família para entenderem que, por exemplo, uma viagem não é só arrumar as malas e sair. Que é preciso planejar e priorizar. É legal dividir com elas a escolha do destino e da hospedagem, mostrando os custos e como racionalizar para aproveitar da mesma forma.

O conceito da espera também deve estar presente: elas precisam entender que tudo tem seu tempo e que para alcançar o que queremos temos que planejar. Aqui podemos trabalhar a construção de metas, mostrar que precisamos guardar dinheiropara realizar nossos sonhos. É legal ensinar a poupar e “carimbar” o dinheiro. Não é só juntar por juntar: é juntar para um objetivo por exemplo, um game novo. Aqui pode ser inserida a ideia de poupar com um cofrinho. Outra forma de se trabalhar este ponto é com a mesada ou semanada. Você pode dar toda semana um valor X para suas crianças, e elas vão ter que usar só o que têm.

Se quiserem comprar algo mais caro, terão que guardar seu dinheiro e comprar o que querem no futuro, quando já tiverem conseguido poupar o valor total. Uma dica valiosa é evitar experiências de consumo com as crianças: você ode evitar levar a criança ao shopping ou ao mercado. A criança não precisa estar exposta a centros de compras. Porém se não puder vitar, é fundamental não criar expectativa de que ela vai ganhar algo. Ir ao shopping não significa que ela vá ganhar um brinquedo. Você não precisa oferecer nada para a criança no mercado, “Você quer um chocolate?” Isso vai criar a expectativa de que, toda vez que ela sai,vai ganhar algo. Não é saudável.

O ideal é que troquemos passeios de consumo por passeios de experiências. Temos que mostrar para as crianças que o importante é estarmos juntos, onde quer que seja. Que tal um dia no parque ao ar livre, ir a um museu ou brincar no quintal? Agora, lembre-se de que você vai acertar, mas também vai falhar. Não se culpe por isso. Haverá o dia em que você vai estar mais cansado e vai ceder, mas não se preocupe: respire fundo e permita-se errar, porém, não se permita desistir. Tropeços acontecem, mas não podem nos desviar do destino final.

Foto: Arquivo Pessoal