Fórum de Cidadania Financeira foi realizado em Brasília, pelo Banco Central e Sebrae, com apoio do Sistema OCB
As cooperativas de crédito promovem o desenvolvimento econômico e asseguram o exercício da cidadania pela inclusão financeira, a partir de um trabalho de educação e esclarecimento, realizado junto aos associados. Desta forma, elas assumem, cada vez mais, um papel de destaque, contribuindo com o processo de bancarização da população brasileira.
Por este motivo, o Fórum de Cidadania Financeira, realizado nos dias 4 e 5 de novembro, em Brasília, pelo Banco Central e Sebrae, com apoio do Sistema OCB, promoveu no primeiro dia o talk show Cooperativas e Cidadania: fortalecendo o desenvolvimento local e sustentável. Os convidados foram o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, o embaixador especial da FAO para o cooperativismo mundial, Roberto Rodrigues, o consultor e coautor do livro Rumos do Cooperativismo Financeiro no Brasil, Marden Marques Soares, e o gerente da Unidade de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional, Bruno Quick. A jornalista, Mara Luquet, da Rede Globo, fez a moderação do painel.
DiferencialSegundo o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, o cooperativismo é um instrumento de organização e transformação social que promove ajuda mútua, colaboração e solidariedade na busca de soluções.
As cooperativas de crédito, formadas hoje por mais de 7 milhões de associados, são responsáveis pela inclusão financeira direta dessas pessoas e, indiretamente, de suas famílias. Com atendimento personalizado e taxas de juros diferenciadas, extremamente competitivas, elas trazem aos seus cooperados autonomia financeira para administrarem suas despesas e empreenderem novos projetos. Para isso, os associados contam com orientação por parte de sua cooperativa, passando por um processo de educação financeira com o objetivo de promover um melhor uso de seus recursos, comentou.
Ação conjuntaO presidente Márcio Freitas também destacou durante sua fala no talk show a parceria firmada entre o Sistema OCB, por meio do Sescoop, e Banco Central, visando à realização do programa Cidadania Financeira, desenvolvido desde 2013, com o objetivo de promover os direitos e deveres do cidadão com relação à sua vida financeira. Esta é uma aliança que colabora com os esforços para que seja concretizada a missão do Sescoop, que é promover a cultura cooperativista e o aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras, reforçou o presidente.
Márcio Freitas explicou que a ação conjunta é um programa de formação em gestão de finanças pessoais, com foco no hábito de poupar e na responsabilidade no uso do crédito. Direcionada especialmente a multiplicadores e facilitadores, a proposta é formar uma rede cooperativa para a cidadania financeira. Nossa intenção é contribuir com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, explicou.
CapilaridadeO presidente do Sistema OCB frisou, ainda, que as cooperativas de crédito estão presentes em 95% do território nacional, sendo que em 565 dos municípios brasileiros elas são as únicas instituições financeiras da localidade. Este é um exemplo concreto de cidadania financeira e desenvolvimento para toda a comunidade, destacou.
Segundo dados do Banco Central do Brasil, em dezembro de 2014 haviam 1.106 cooperativas e mais de 7,5 milhões de cooperados. O Sistema Nacional de Crédito Cooperativo gera mais de 43 mil empregos diretos, possui R$ 143 bilhões em ativos e capta depósitos da ordem de R$ 68 bilhões.
OpiniõesNo mundo há mais de um bilhão de cooperativistas. Se cada um tiver três dependentes, teremos quatro bilhões de pessoas vinculadas ao cooperativismo. Isso é mais da metade do povo do mundo! É por isso que dizemos que o cooperativismo é um movimento de pessoas que buscam o bem-estar coletivo e que possui valores e princípios universalmente aceitos, independente do governo e da religião. Acho que o Brasil deveria encabeçar o movimento de indicação do cooperativismo ao Prêmio Nobel da Paz, afinal, essencialmente, ele luta contra concentração da riqueza e a exclusão social, disse Roberto Rodrigues, embaixador especial da FAO para o cooperativismo mundial.
BlindagemAs cooperativas têm diferenciais difíceis de serem superados: elas reciclam os recursos na região onde estão localizadas; têm taxas bem abaixo das praticadas no mercado financeiro mercantil; atendem personalizada e amigavelmente aos seus clientes, que também são cooperados; oferecem segurança, graças ao FGCoop; e o mais importante de tudo: aumentam a concorrência e regulam o mercado, o que é fundamental para a economia brasileira. Todo esse conjunto de características singulares conferem uma blindagem comercial contra os fatores externos conjunturais, disse Marden Marques Soares, um dos autores do livro Rumos do Cooperativismo Financeiro no Brasil.
MercadoO cooperativismo de crédito cresceu muito rápido no Brasil, contudo, continua distante dos tomadores de microcrédito. Apenas 7% de todo o universo de microempreendedores individuais têm uma conta corrente neste segmento. Os pequenos estão buscando outros bancos para obter crédito e eles representam um importante nicho que pode ser explorado estrategicamente pelas cooperativas de crédito, afirmou Bruno Quick - gerente da Unidade de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional.