Marcelo Correa Medeiros atua há mais de 25 anos no Associativismo e Cooperativismo Financeiro, onde tem exercido várias funções

Conceitos e estratégias de marketing aplicadas ao cooperativismo financeiro. Desafios e oportunidades para o setor, diante dos novos cenários políticos, econômicos, sociais e culturais. Eis um resumo do artigo, a seguir, de Marcelo Correa Medeiros, inspetor do Sicoob Central SC/RS, mestre em Direção Estratégica, com MBA em Gestão Empresarial.

Do ponto de vista histórico e também sob o aspecto legal hoje no Brasil, temos consolidada a nomenclatura "cooperativa de crédito", utilizada como denominação padrão para as nossas instituições. Porém, do ponto de vista mercadológico, e das estratégias de marketing, essa definição pode passar uma imagem para o mercado, e também para os nossos associados, como uma cooperativa apenas de créditoou de empréstimos.

O chamado cooperativismo modernoteve seu início em 1844, na Inglaterra, através de uma Cooperativa de Consumo. Em 1848, na Alemanha, surge a primeira cooperativa de crédito, pela iniciativa de Friedrich Wilhelm Raiffeisen, através de uma cooperativa de crédito rural. O modelo foi trazido inicialmente para o Brasil, através do padre suíço Theodor Amstad, que em 1902 fundou a primeira Cooperativa de Crédito do Brasil e da América Latina, em Nova Petrópolis RS, instituição centenária, ainda em pleno funcionamento e expansão. Hoje, somados todos os sistemas de cooperativas financeiras existentes no Brasil, já são mais de 9 milhões de associados, com presença em todas as unidades da federação.

Nos primórdios do cooperativismo de crédito, realmente criou-se uma cultura de negócio de crédito, de intermediação financeira, logicamente que essa ainda é a principal característica e base econômica desse ramo cooperativo. Porém, tendo em vista os grandes desafios impostos ao meio empresarial, e consequentemente, aos empreendimentos cooperativos, as organizações precisam adaptar-se rapidamente ao novos cenários econômicos, políticos, sociais e culturais, que em breve terão forte impacto nos negócios de um modo geral. Esse contexto traz uma nova dimensão e abrangência ao nosso negócio cooperativo.

Hoje, para sobreviver e crescer dentro do sistema financeiro, as instituições cooperativas devem adotar modelos de gestão pautados nas boas práticas de governança, controles internos, profissionalismo e sustentabilidade dos negócios.

As tradicionais cooperativas de crédito, precisam adaptar-se ao novo entorno e adotar uma nova postura no mercado atual, como instituições financeiras completas, capazes de atender plenamente as necessidades e desejos dos seus associados em produtos, serviços e soluções financeiras, com qualidade e preço justo.

É de fundamental importância saber vender, não apenas crédito, produtos e serviços financeiros, mas venderno sentido de saber comunicar adequadamente essa nova postura, promover a imagem do negócio, como queremos ser percebidos pelo mercado. Divulgar os benefícios e vantagens de um modelo de negócios alternativo, sólido, seguro, rentável e com propósito, com princípios e valores internacionalmente aceitos, definidos pela ACI Aliança Cooperativa Internacional.

Mas para que esse processo tenha eficiência e eficácia, atinja os resultados propostos, é necessária a implantação de um planejamento e gestão de marketing. Entendido não apenas como publicidade e propaganda, mas o marketing como algo muito mais amplo, com a função de intermediar as trocas que ocorrem no mercado financeiro, de forma rentável e sustentável, para atender e encantar os nossos clientes, nesse caso os nossos associados, legítimos donos e usuários das instituições.

A questão também é pensar na continuidade do negócio, para além do nosso tempo, para as futuras gerações. Como encantar e conquistar essas novas gerações? Afinal eles serão os nossos futuros associados, dirigentes e colaboradores, mas com novas visões de mundo, e cada vez mais digitais, conectados, ligados às novas tecnologias da informação e comunicação, incluindo aí a forma de relacionamento e de utilização dos serviços financeiros.

As estratégias de marketing devem ser utilizadas no dia a dia das nossas cooperativas, como parte da chamada cultura organizacional, devem estar presentes na mentalidade e na prática de todos os membros da organização, independente do cargo ou função exercida.

Cada vez mais é necessário desenvolvermos uma visão estratégica, holística e sistêmica, dentro de um novo posicionamento, como uma instituição financeira completa, que oferece os mesmos produtos, serviços e soluções de um banco, mas que é muito melhor que um banco, porque possui essência e natureza cooperativa.

Sobre o autor: Marcelo Correa Medeiros é mestre em Direção Estratégica, possui MBA em Gestão Empresarial, graduado em Administração, Gestão de Cooperativas e Ciências Contábeis. Possui formação em Professional and Self Coaching PSC/IBC. É embaixador da paz pela UPF - Universal Peace Federation (Federação para a Paz Universal), órgão internacional ligado à ONU. Atua há mais de 25 anos no Associativismo e Cooperativismo Financeiro, onde já exerceu as funções de sócio fundador, presidente, gerente geral, contador e inspetor.