Participantes debateram com palestrantes o impacto das novas tecnologias de comunicação e como isso vai afetar a gestão das empresas
O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), em parceria com a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), promoveu nos dias 19 e 20 de setembro, em Florianópolis, o 12º Encontro de Comunicadores das Cooperativas de Santa Catarina. Pelo Sicoob Central SC/RS, participaram a supervisora de Comunicação e Marketing, Camile Paula da Silva, a analista de Comunicação e Marketing, Cíntia Siqueira Müller e o assessor de Imprensa e Comunicação, Celso Vicenzi.
Daniela Lemke, gerente de Comunicação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), fez uma apresentação sobre a entidade e os desafios para os próximos anos, entre eles, o de tornar o cooperativismo mais conhecido e reconhecido entre os brasileiros. Para alcançar esse resultado, explicou que é preciso colocar a comunicação no centro da estratégia, alinhar o discurso, aprimorar os canais próprios de comunicação, com posicionamento claro nas redes sociais, fazer uma campanha de ressignificação do cooperativismo e produzir conteúdo de maneira integrada.
Atualmente, no mundo, existem 2,6 milhões de cooperativas espalhadas por 100 países. Elas geram 250 milhões de empregos e envolvem 1 bilhão de pessoas. Uma em cada sete pessoas são associadas a uma cooperativa, afirmou Daniela, acrescentando que se as 30 maiores cooperativas do mundo fossem um país, seriam a nona economia do planeta.
Segundo Daniela, na visão da OCB, o cooperativismo tem como propósito transformar o mundo em um lugar mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos. Por não visar lucro e dividir os resultados, o cooperativismo é a maneira mais justa de fazer negócios.
Comunicação internaAnalisa de Medeiros Brum, especialista em Comunicação Interna e Endomarketing, ministrou palestra sobre A comunicação interna uma abordagem estratégica. Ela abordou os tipos de comunicação intrapessoal, interpessoal, de pequenos grupos, de massa e em rede. Disse que estamos vivendo uma era de enorme difusão de informações, mas poucos estão ouvindo o que todos estão dizendo. Por isso, precisamos de mais cursos de escutatória do que de oratória, ironizou.
Explicou que as cooperativas devem conhecer quem são, como vivem e o que desejam os associados e, para isso, é necessário dominar o principal ativo de uma empresa, a comunicação, porque com ela é possível fazer com que o cooperado permaneça na organização. Para isso, é preciso dispor de canais adequados, elaborar campanhas e contar com lideranças capazes de motivar dirigentes, funcionários e associados. E destacou que a comunicação interna deve ser coerente com a estratégia da instituição e precisa ser repassada aos funcionários com transparência, qualidade e emoção.
Atualmente, explicou Analisa, as empresas buscam mais do que funcionários motivados. Querem profissionais engajados, com foco em produtividade e aptos a acompanhar as constantes reestruturações. Hoje lidamos com um público megainformado. Há 500 anos a informação praticamente só era acessível ao clero; há 300 anos, aos nobres; há 100 anos, aos ricos; há 30 anos, presente principalmente nas grandes cidades; hoje está ao alcance de qualquer um, via redes sociais, afirmou. Por isso, os profissionais precisam estar preparados para lidar com essas mudanças, com a linguagem e as demandas das novas gerações.
O perfil dos funcionários também mudou. Eles hoje não querem apenas um salário, mas trabalhar em empresas que façam algum sentido para seus projetos de vida e aquilo em que acreditam, explicou Analisa.
Mídias digitaisCarlos Piazza, consultor e professor de pós-graduação e MBA, em várias universidades, disse que no mundo compartilhado e significante que estamos vivendo, relacionamento é a base de tudo. Piazza é especialista em gestão de relacionamentos multistakeholders, negócios digitais, darwinismo digital, aceleração, quarta revolução industrial e impactos no marketing, comunicação, relacionamentos e governança corporativa. Na palestra sobre Estratégias em Mídias Digitais, ele explicou que as empresas precisam estar atentas, porque os negócios mudam continuamente e tudo se move em velocidade exponencial.
Palestrante nacional e internacional, Piazza disse que as empresas sabem o que fazem, mas não sabem o que significam e poucas percebem os impactos da quarta revolução industrial, em que há uma fusão do mundo físico, digital e biológico. É preciso repensar como as empresas criam valor, sugeriu. Para ele, há uma quebra acelerada de paradigmas e modelos mentais. Por isso, advertiu, não tente alinhar o que já está desalinhado para todo o sempre. E aconselhou: busque percepções, o segredo está aí.
Disse, ainda, que é preciso recusar fazer mais do mesmo, porque vivemos a era da sincronicidade e da ubiquidade, e nos próximos 20 anos não teremos apenas uma nova geração, mas uma nova civilização. Será um mundo com novos paradigmas, inteligência artificial, customização de massa e energia renovável, entre outros fatores. Nesse novo tempo, as experiências dos consumidores serão mais importante que os produtos. E a comunicação e o marketing vão passar do outboundatual, onde as mensagens interrompem o consumidor, para o inbound, em que é preciso ganhar a atenção espontaneamente. Nesse novo modelo, a propaganda é ineficaz porque é uma mídia de interrupção, em desacordo com os desejos e as demandas das novas gerações. Empresas e negócios poderão desaparecer rapidamente, em função de tecnologias que vão criar novos negócios e novas maneiras de se relacionar.
Assessoria de comunicaçãoÁurea Regina de Sá ministrou a palestra Assessor de Comunicação: Como auxiliar o porta-voz no relacionamento com a imprensa. Jornalista com passagem pelas principais emissoras de TV do país, explicou que quando as pessoas assumem um cargo de direção, precisam estar conscientes que também se transformam, automaticamente, em porta-vozes da empresa. E, por isso, precisam tomar alguns cuidados, dentro e fora dos locais de trabalho.
Especialista em media training, pós-graduada em Comunicação Pública, Áurea é autora do livro Guia do Porta-Voz. Entre outros conselhos, disse que os assessores de comunicação precisam explicar aos porta-vozes as rotinas de uma redação e os cuidados na relação com os profissionais de veículos de comunicação de massa. Ela enumerou dezenas de situações que vão desde os cuidados com as informações em off(em suposto sigilo), mas que correm o risco de serem publicadas, até as preocupações com a roupa, maquiagem, jargões técnicos que são incompreensíveis à maioria, tom de voz, velocidade da fala, distância do microfone e muitas outras.
O mais importante, destacou, é o porta-voz ter pleno domínio do que vai falar. Uma entrevista é um cheque em branco, por isso, é importante preenchê-lo com o melhor conteúdo, recomendou.
Também participaram do Encontro de Comunicadores das Cooperativas, pelo sistema Sicoob Credisserrana, Aline Kummrow (Sicoob Alto Vale); Andreia Maria de Moraes Alves e Blasio Spaniol (Sicoob São Miguel); Cleia Adriane da Silva Benites (Sicoob Videira); Gilvane Kern e Greice Elisa Stein (Sicoob Creditapiranga); Rosiane Rodrigues de Oliveira (Sicoob Valcredi Sul) e Rosimeri Rodrigues de Oliveira (Sicoob Credisulca).